Paróquia São João Batista

Por causa da pandemia do novo Coronavírus, a Paróquia São João Batista, pelo segundo ano consecutivo, inicia o tríduo pascal, a preparação para a celebração da Páscoa, sem a presença do povo. Omitindo o tradicional rito do lava-pés, a missa de instituição da eucaristia foi celebrada, nesta quinta-feira, 1º de abril, com uma pequena equipe que auxilia na liturgia e na transmissão ao vivo pelas redes sociais. 

O pároco, padre Geraldo Martins, destacou que a importância da eucaristia na liturgia da Igreja. “A eucaristia é, em primeiro lugar, uma reunião de família. A Igreja é uma família. Em segundo lugar, é refeição. A família se reúne em torno da mesa para uma refeição. Jesus é o cordeiro que se faz alimento para nós na eucaristia. Quando celebramos a eucaristia, celebramos esse mistério do amor profundo de Deus que se tornou alimento por nós”, disse.

Refletindo sobre o lava-pés, o pároco defendeu que “só pode participar da eucaristia quem tiver a disposição para lavar os pés uns dos outros”. E acrescentou que Jesus demonstrou seu amor servindo. “Ao lavar os pés dos apóstolos, Ele nos mostra que o serviço é a tradução mais perfeita do amor”, disse.

O pároco destacou que a grandeza de Deus no seu rebaixamento ao nível humano. “Como compreender que um Deus, na sua grandeza, se abaixe ao nível de um escravo para lavar os pés dos apóstolos?”, indagou. “Numa sociedade onde as pessoas são valorizadas pelo que têm, esse gesto de abaixar e servir os pequenos é somente para quem reconhece Jesus com senhor de sua vida”, enfatizou.

Padre Geraldo evidenciou a importância do serviço das pessoas que se ocupam dos outros durante a pandemia como médicos e enfermeiros, e também aqueles que doam alimentos e ajudam quem perdeu o emprego. “Toda essa solidariedade é como lavar os pés uns dos outros”, refletiu.

A instituição do sacerdócio, que também é celebrada na Quinta-feira Santa, foi lembrada pelo Geraldo em sua homilia. Ele ressaltou a importância de se dar graças a Deus pelo trabalho dos sacerdotes e lamentou a falta de padres que dificulta a assistência religiosa assídua a comunidades localizadas em áreas mais distantes e de difícil acesso. 

O pároco recordou o compromisso de quem recebe a eucaristia. “A eucaristia nos faz irmãos e irmãs. Não comunga verdadeiramente Jesus quem fica alheio ao outro, quem não tem compromisso com o pobre”, disse. “A eucaristia não nos aliena do mundo, mas nos torna transformadores do mundo. Viver a comunhão plena com Jesus. Amar é sair de si, para servir ao outro naquilo que ele mais precisa”, completou.

“Temos agido como Jesus? Os pés de quem, hoje, precisamos lavar?”, questionou.