Pe. Geraldo Martins

A obra de um grande evangelista

Dom Geraldo enalteceu o legado de Dom Luciano Mendes, seu antecessor, valorizando e enriquecendo a organização pastoral encontrada. Primou pelo caminho da sinodalidade, reconhecendo a autonomia das assembleias e dos Conselhos aos quais ouvia e respeitava profundamente.


A obra de um grande evangelista

No dia 26 de julho, a Arquidiocese de Mariana e a Igreja no Brasil choraram o passamento de um grande pastor: Dom Geraldo Lyrio Rocha. Arcebispo emérito da arquidiocese primaz de Minas Gerais, Dom Geraldo reunia predicados invejáveis, sendo reconhecido e admirado por sua delicadeza e atenção, bem como por sua capacidade de ouvir e decidir com firmeza sem jamais perder a ternura.

Eleito presidente da CNBB em 2007 em um único escrutínio com 92% dos votos, fato raríssimo, exerceu sua função com competência ímpar em tempos muito exigentes. Seu zelo e seu amor pela liturgia tornaram-no referência nesta matéria e não poucos recorriam a ele para tirar dúvida sobre questões litúrgicas. Não à toa, fez parte anos a fio da Comissão Episcopal dos Textos Litúrgicos (Cetel) da CNBB.

Na Arquidiocese de Mariana, enalteceu o legado de Dom Luciano Mendes, seu antecessor, valorizando e enriquecendo a organização pastoral encontrada. Primou pelo caminho da sinodalidade, reconhecendo a autonomia das assembleias e dos Conselhos aos quais ouvia e respeitava profundamente. Era comum ouvi-lo dizer: “sobre esta questão, é preciso ouvir as várias instâncias da Arquidiocese”.

Com os padres Dom Geraldo tinha uma relação paterno-maternal admirável. Uma de suas marcas era telefonar a cada padre por ocasião de seu aniversário natalício e de ordenação presbiteral – “parabéns e para mais” – costumava dizer de forma descontraída e alegre. Era igualmente atencioso com os seminaristas por quem nutria especial cuidado e jamais se esquecia da vida religiosa e consagrada.

Dom Geraldo sempre manifestou também profundo respeito pelos cristãos leigos e leigas. Acreditava e apostava em seu protagonismo em vista de uma Igreja toda ministerial e missionária. A eles ouvia com o máximo respeito, reconhecendo sua autoridade, competência e dignidade batismal.

Em Mariana, ficará eternizada sua posição profética em favor dos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão. “Permaneçamos unidos na luta que vence a lama”, disse sob aplausos num evento organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), não deixando dúvidas quanto ao seu compromisso com a causa dos atingidos.

A Páscoa de Dom Geraldo nos entristeceu a todos. Sua despedida, porém, nos deixou uma certeza: ele fez, entre nós, uma grande obra de evangelista. Isso nos orgulha e alegra na esperança e certeza de sua ressurreição. Evangelista bom e fiel, ele celebra, agora, a liturgia celeste. Obrigado, Dom Geraldo.