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"Vós sois todos Irmãos" (Mt 23,8)

Crer em Deus de forma unicamente vertical é uma farsa


 

Pe. Luiz Faustino dos Santos

Pároco da Paróquia Santo Antônio - Granada-MG

Este foi o lema da Campanha da Fraternidade, em 2018, cujo tema era: “Fraternidade e Superação da Violência”. Há mais de duzentos anos (1789), a Revolução francesa buscava um ideal: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Este ideal se realizou entre os primeiros cristãos:“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma (fraternidade). Ninguém considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum entre eles igualdade) (...).Todos eles gozavam de grande aceitação” (liberdade) (At 4,32-33).

O ser humano civilizado reconhece uma escala de valores. Os povos originários cultivam um grande respeito à “Pachamama”, a mãe-terra. Vivem livremente a igualdade numa consciência fraterna, pois todos são filhos e filhas da mãe comum: a terra. A proposta do Papa Francisco em sua última encíclica, “Todos Irmãos” (2020) é irrefutável, numa visão cristã. É uma encíclica bíblica e parte do fundamento primeiro de toda revelação: “Deus é amor” (1Jo 4,8). Rejeitar os ensinamentos desta encíclica é rejeitar o Evangelho, o que significa rejeitar Jesus e, rejeitar Jesus, é rejeitar Aquele que O enviou (cf. Jo 15). 

A fraternidade cristã constrói a unidade social, pois “vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). A organização social em classes é excludente, desumana e anticristã. Quem ama a Deus, que ame também seu irmão (cf. 1Jo 4; Mt 25). O Papa Francisco repete sempre que muitos irmãos são descartados. Esta é uma bárbara realidade no mundo atual, que segue em galopante desumanização entre os filhos e filhas de Deus. Crer em Deus de forma unicamente vertical é uma farsa. A salvação não nos vem por uma serpente pendurada num poste, mas por Jesus pregado numa cruz (cf. Jo 3,14-15). Seus braços vão em direção aos irmãos e irmãs, apontam para o mundo. Jesus não tem os braços cruzados, nem dedo apontando os culpados de sua crucificação. Suas mãos erguem-se em oração ao Pai pelos carrascos. Ninguém é excluído da salvação. São Paulo propõe: “tenham vocês os mesmos sentimentos que haviam em Jesus Cristo” (Fl 2,5). Todos fazemos parte de sua família, se colocamos em prática sua Palavra, “a vontade do Pai que está no céu” (Mt 12,50). A salvação vem de Jesus. A Igreja é instrumento evangelizador: ela deve conduzir a Jesus, Mestre da “fraternidade e da paz, que constroem o diálogo para uma fraternidade universal”. O
amor opta pelo essencial.