Pe. Geraldo Martins

Obrigado, Francisco

É impossível descrever, em poucas palavras, o legado do Papa Francisco que, durante 12 anos, conduziu a Igreja por caminhos que surpreenderam a todos.


A Igreja e o mundo acordaram chocados na manhã do dia 21 de abril com a notícia da morte do Papa Francisco. No dia anterior, ele havia aparecido, brevemente, na sacada da Basílica Vaticana, na Praça São Pedro, para a bênção Urbi et Orbi, após longo período de internação para tratar de uma infecção respiratória. Ele chegou a dar uma volta na praça para saudar a multidão, apesar de sua fragilidade. Estava se despedindo de nós e não sabíamos.

É impossível descrever, em poucas palavras, o legado do Papa Francisco que, durante 12 anos, conduziu a Igreja por caminhos que surpreenderam a todos. Como bem destacou o Cardeal Giovanni Battista Re, o Papa Francisco, “procurou sempre iluminar os problemas do nosso tempo com a sabedoria do Evangelho, oferecendo uma resposta à luz da fé e encorajando-nos a viver como cristãos os desafios e as contradições destes anos cheios de mudanças, que ele gostava de descrever como uma ‘mudança de época’”.  

Recordou que “o  fio condutor da sua missão foi também a convicção de que a Igreja é uma casa para todos”, um “hospital de campanha”, sempre desejosa “de cuidar com determinação dos problemas das pessoas e das grandes angústias que dilaceram o mundo contemporâneo”, capaz de “se inclinar sobre cada homem, independentemente da sua fé e condição, curando as suas feridas”.

Ecoarão para sempre sua imagem de homem simples e pobre, sua defesa intransigente dos direitos do migrantes e refugiados, sua insistência numa “Igreja em saída, pobre para os pobres”, seu veemente combate ao clericalismo, sua denúncia corajosa de uma “economia que mata”, sua chamada de atenção para o cuidado com o planeta Terra, “nossa Casa Comum”, seu combate constante às guerras, seu carinho e ternura com as crianças, jovens, idosos e pobres, suas atitudes de inclusão acolhendo homossexuais, dialogando com outras religiões, indo às periferias do mundo.

Francisco foi o Papa da misericórdia, do sorriso, da liberdade, da alegria, da esperança. Com ele aprendemos que “Deus surpreende sempre”, “perdoa sempre”, que “somos todos irmãos” e que “tudo está interligado”. Obrigado, Francisco, por seu testemunho de amor e fidelidade ao pobre de Nazaré e à sua Igreja.